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Emoções em potes de vidro

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Paciência para lidar com o que não controlamos. Paciência para aceitar que há dias que a vida nos tira o tapete e caímos ao chão. Paciência para aceitar que, por vezes, precisamos ficar no chão. Aceitar situações, emoções, questionar sentimentos. Existem múltiplas perguntas na cabeça pelas quais não existem respostas. Chega sorrateira a culpa de sentir algo que não queríamos sentir. Singelamente se torna a angústia de ser preciso lidar com tudo, novamente. Lidar com assuntos que pensávamos já estar encerrados na nossa mente, no nosso coração. E a vida mostra que não. A vida mostra que há feridas que passamos para trás das costas porque sentir naquele momento seria demasiado, desajustado, quebrado. Então arrumamos as emoções. O tempo passa, os anos passam e tudo está intacto. Assim como uma estante com potes de vidro fechados com tampas, onde cada um deles representa as tuas emoções. Cada emoção ligada a um momento da tua vida. Existem potes que agarraste, foram abertos, usados, perdoad

Paris

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Se eu hoje escrevesse falaria sobre amor. Falaria sobre presença, falaria sobre ausência. Não poderia escrever muito, nem pouco. Sairia daquele meu jeito exagerado de sentir. Transbordava raiva, amor e gratidão. Escrever em Paris ao som de um piano não será igual a escrever em outra parte do mundo. Há um certo romance que a cidade quis manter. Há uma magia no nosso olhar pelas ruas desta cidade. Assim como em Lisboa quando choram as guitarras em nossos olhos, aqui chora o coração perdido na melodia das teclas. Melodias de uma vida. Sentida, muitas vezes desajustada, desconstruída, emocionada, desentendida. Assim sou eu. E danço ao som da música. Na fé do amor, na fé de boa gente. Gente que chega e fica; a nossa gente presente. Que quer escutar a nossa música, entender a nossa história de acordes imperfeitos. E perfeitas são estas partilhas tantas vezes desafinadas. É o que dá sentido à música da vida. Onde todas as notas existem para se conectarem entre elas. Assim é uma melodia. E cad

sobre um beijo

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fui ao encontro dos meus lábios com os teus, como já poderia ter feito este gesto um milhão de vezes em outros lábios. o mundo até pode parar sempre que acontece um beijo. e o nosso mundo realmente devia parar em alguns deles. e ali, não existiu mundo naquele momento. a minha aproximação a ti. o teu cheiro. a nossa respiração. pensei ter feito um movimento rápido e só depois percebi o quão lento havia sido. os teus lábios macios a tocarem nos meus. um gesto lento e suave, sem pressa. como um brisa de vento deleitável que nos beija a face em certas manhãs. passei os meus lábios pelos teus lentamente, da esquerda para a direita. como se tivesse a tocar em algo com medo de partir, mas de tão belo querer sentir.  fico vulnerável enquanto te sinto, como se perdesse as forças. com a minha língua ainda tímida tentei alcançar a tua, como se fosse um vídeo em câmara lenta. sinto o teu sabor doce; sabor a maçã que ficou depois de uma cidra. talvez as restantes descrições molhadas, uma e outra lí

É este meu enfado

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O meu sorriso ficou inábil de sorrir. É um sorriso nú, desajeitado. Tento sorrir de forma radiante, pensando em mostrar os dentes, mas logo me transformo no sem jeito do costume. A minha pele é velha, com rugas e nem elas disfarçam das lágrimas que sinto. No espelho um reflexo meu, nauseabundo; foi o retrato que me deixaste. Fiquei sem cor, com a luz de uma alma amarrotada. É a tua lembrança que me dá o pouco de vida que me resta. Não sei ser sem ti; sou por ti. Jura de amor para viver, para ficar nesta terra perdida. Absorto neste coração doente. É este meu enfado, minha forma vida.

Pai

Dia do pai, é todos os dias que estamos juntos. Estar junto não é estar perto. Estar junto é ligação, aquilo que tenho comigo em ti. A nossa presença ainda que ausente. Em todas as formas que a podemos colocar. É todas as memórias que queremos guardar. Hoje e sempre, estamos juntos.

Hoje é diferente

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São Vicente cheira a memórias e a história. Tenho sentimentos ali com os que posso sempre contar. Tenho a minha Lisboa no olhar. É com pesar que vejo o nosso povo hoje. Alguma tristeza a observar. Tenho saudades de como os meus avós falavam. Como os vizinhos eram família. De como o bairro se manifestava. Como nos cumprimentávamos. Como existia preocupação com o próximo. De como corriam as notícias. Eu era miúda, tão miúda. Os adultos da altura levavam as coisas sério. As notí cias eram informação que não se duvidava. Liam jornais, informavam-se em livros nas bibliotecas. Talvez um povo fácil de enganar mas também um povo crente. Hoje é diferente. A televisão, a internet, os jornais, todos procuram atenção. Vendas e visualizações. As pessoas ficam perdidas. Escrevem alarmismos para vender, escrevem sem saber. Escrevem sem ver as consequências. Quando finalmente o alarme tocou, existe quem não queira crer. Mas pior que não crer é aquele que não consegue ver. Aquele que não sabe ler, aqu

Carnaval

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Os dias mais felizes, são os dias que me lembro de ti. Penso que te esqueci, recordo-te pelo olhar de uma janela. Janela nossa de memórias. Um sofá e uma casa de histórias. As ruas não se mudaram; a atmosfera lisboeta continua igual. Permanece tudo intacto assim como as minhas memórias, quando me lembro de ti. Recordo a tua voz, o teu sorriso. As tuas palavras e os conselhos que ninguém me dá igual. Na minha tristeza ouço a tua voz, que faz brilhar o sol dentro de mim. O teu abraço continua quente. A minha esoteridade assim o permite sentir. E as tuas palavras. As tuas palavras não são esquecidas. São elas que me guiam, nas conversas que não esqueci. Foste para longe, de onde não as posso ouvir. Permanecem sentimentos escondidos, assim como as ruas das quais eu fugi. Fugi da cidade que me deu à luz, que me reconstruiu, a minha cidade de memórias. Mas os dias mais felizes são os dias que me lembro de ti. Quando te recordo, sorrio. Quando te sinto, sou luz. És a estrela guia escondida, q